álbum

Nara (1964)

5 na Bossa

1965

músicas / letras (clique nas músicas para ver as letras)

  1. Carcará (João do Vale / José Candido)

    Carcará
    Pega, mata e come
    Carcará
    Num vai morrer de fome
    Carcará
    Mais coragem do que home
    Carcará

    Carcará
    Lá no sertão
    É um bicho que avoa que nem avião
    É um pássaro malvado
    Tem o bico volteado que nem gavião
    Carcará
    Quando vê roça queimada
    Sai voando, cantando,
    Carcará
    Vai fazer sua caçada
    Carcará come inté cobra queimada
    Mas quando chega o tempo da invernada
    No sertão não tem mais roça queimada
    Carcará mesmo assim num passa fome
    Os burrego que nasce na baixada
    Carcará
    Pega, mata e come
    Carcará
    Num vai morrer de fome
    Carcará
    Mais coragem do que home
    Carcará
    Pega, mata e come

    Carcará é malvado, é valentão
    É a águia de lá do meu sertão
    Os burrego novinho num pode andá
    Ele puxa no umbigo inté matá

  2. Reza (Edu Lobo / Ruy Guerra)

    Por amor andei, já
    Tanto chão e mar
    Senhor, já nem sei
    Se o amor não é mais
    Bastante pra vencer
    Eu já sei o que vou fazer
    Meu Senhor, uma oração
    Vou cantar para ver se vai valer
    Laia, ladaia, sabatana, Ave Maria
    Laia, ladaia, sabatana, Ave Maria
    Ó meu santo defensor
    Traga o meu amor
    Laia, ladaia, sabatana, Ave Maria
    Laia, ladaia, sabatana, Ave Maria
    Se é fraca a ora...ção
    Mil vezes canta...rei
    Laia, ladaia, sabatana, Ave Maria
    Laia, ladaia, sabatana, Ave Maria

  3. O trem atrasou (Arthur Villarinho / Estanislau Silva / Paquito)

    Patrão, o trem atrasou
    Por isso estou chegando agora
    Trago aqui um memorando da Central
    O trem atrasou, meia hora
    O senhor não tem razão
    Pra me mandar embora !
    O senhor tem paciência
    É preciso compreender
    Sempre fui obediente
    Reconheço o meu dever
    Um atraso é muito justo
    Quando há explicação
    Sou um chefe de família
    Preciso ganhar meu pão
    E eu tenho razão.

  4. Zambi (Edu Lobo / Vinícius de Moraes)

    É Zambi no açoite, ei, ei é Zambi
    É Zambi, tui, tui, tui, tui, é Zambi
    É Zambi na noite, ei, ei, é Zambi
    É Zambi, tui, tui, tui, tui, é Zambi
    Chega de sofrer

    Eh! Zambi gritou
    Sangue a correr
    É a mesma cor
    É o mesmo adeus
    E a mesma dor
    É Zambi se armando, ei, ei é Zambi
    É Zambi, tui, tui, tui, tui, é Zambi
    É Zambi lutando, ei, ei, é Zambi
    É Zambi, tui, tui, tui, tui, é Zambi
    Chega de viver
    Na escravidão
    É o mesmo céu
    O mesmo chão
    O mesmo amor

    Mesma paixãoGanga-Zumba ei, ei, vai fugir
    Vai lutar tui, tui, tui, tui, com Zambi
    E Zambi gritou ei, ei, meu irmão
    Mesmo céu, tui, tui, tui, tui, mesmo chão

    Vem filho meu, meu capitão
    Ganga-Zumba liberdade, liberdade
    Ganga-Zumba vem meu irmão
    É Zambi lutando, é lutador
    Faca cortando, talho sem dor
    É o mesmo sangue
    E a mesma cor
    É Zambi morrendo, ei, ei é Zambi
    É Zambi, tui, tui, tui, tui, é Zambi
    Ganga-Zumba, ei, ei, vem aí

  5. Consolação (Baden Powell / Vinícius de Moraes)

  6. Aleluia (Edu Lobo e Ruy Guerra)

    Barco deitado na areia, não dá pra viver
    Não dá...
    Lua bonita sozinha não faz o amor
    Não faz...
    Toma a decisão, aleluia
    Que um dia o céu vai mudar
    Quem viveu a vida da gente
    Tem de se arriscar

    Amanhã é teu dia
    Amanhã é teu mar, teu mar
    E se o vento da terra que traz teu amor, já vem
    Toma a decisão, aleluia
    Lança o teu saveiro no mar
    Bê-a-bá de pesca é coragem
    Ganha o teu lugar

    Mesmo com a morte esperando
    Eu me largo pro mar, eu vou
    Tudo o que eu sei é viver
    E vivendo é que eu vou morrer
    Toma a decisão, aleluia
    Lança o teu saveiro no mar
    Quem não tem mais nada a perder
    Só vai poder ganhar

  7. Cicatriz (Zé Ketti / Hermínio Bello de Carvalho)

    Pobre não é um
    pobre é mais de dois,
    muito mais de três.
    E vai por ai e vejam só:

    Deus dando a paisagem
    metade do céu já é meu

    Pobre nunca teve gosto;
    a tristeza é a sua cicatriz.
    Reparem bem que só de vez em quando
    pobre é feliz

    Ai, quanto desgosto!
    Assim a vida vale a pena? Não.
    Mas é explicar a situação
    dizer pra ele que...

    pobre não é um
    pobre é mais de cem,
    muito mais de mil,
    mais de um milhão ? E vejam só:

    Deus dando a paisagem
    o resto é só ter coragem.

  8. Estatuinha (Edu Lobo / G. Guarnieri)

    Se a mão livre do negro tocar na argila
    O que é que vai nascer?

    Vai nascer pote pra gente beber
    Nasce panela pra gente comer
    Nasce vasilha, nasce parede
    Nasce estatuinha bonita de se ver

    Se a mão livre do negro tocar na onça
    O que é que vai nascer?

    Vai nascer pele pra cobrir nossas vergonhas
    Nasce tapete pra cobrir o nosso chão
    Nasce caminha pra se ter nossa ialê
    E atabaque pra se ter onde bater

    Se a mão livre do negro tocar na palmeira
    O que é que vai nascer?

    Nasce choupana pra gente morar
    E nasce rede pra gente se embalar
    Nasce as esteiras pra gente deitar
    Nasce os abanos pra gente abanar

  9. Minha história (João do Vale / Raymundo Evangelista)

    Seu moço, quer saber, eu vou cantar num baião
    Minha história pra o senhor, seu moço, preste atenção

    Eu vendia pirulito, arroz doce, mungunzá
    Enquanto eu ia vender doce, meus colegas iam estudar
    A minha mãe, tão pobrezinha, não podia me educar
    A minha mãe, tão pobrezinha, não podia me educar

    E quando era de noitinha, a meninada ia brincar
    Vixe, como eu tinha inveja, de ver o Zezinho contar:
    - O professor raiou comigo, porque eu não quis estudar
    - O professor raiou comigo, porque eu não quis estudar

    Hoje todo são “doutô”, eu continuo joão ninguém
    Mas quem nasce pra pataca, nunca pode ser vintém
    Ver meus amigos “doutô”, basta pra me sentir bem
    Ver meus amigos “doutô”, basta pra me sentir bem

    Mas todos eles quando ouvem, um baiãozinho que eu fiz,
    Ficam tudo satisfeito, batem palmas e pedem bis
    E dizem: - João foi meu colega, como eu me sinto feliz
    E dizem: - João foi meu colega, como eu me sinto feliz

    Mas o negócio não é bem eu, é Mané, Pedro e Romão,
    Que também foram meus colegas , e continuam no sertão
    Não puderam estudar, e nem sabem fazer baião

  10. O Morro não tem vez (Tom Jobim / Vinícius de Moraes)

ficha técnica

Gravadora: Philips

Direção de Produção: Aloysio de Oliveira

Gravado ao vivo no Teatro Paramount, 1965.